2014 já
vai tarde, buuuu pra ele, 2015 é daqui a pouco e como sempre faço nesse período antecipo meus
pedidos ao novíssimo ano e assumo os compromissos de contrapartida para
equilibrar a relação. Ok, confesso, é uma reedição dos anos
anteriores, mas vamos lá.
Em tese,
mas só em tese por enquanto, não quero paz, mas as provocações que constroem e
não as que desqualificam. Quero emoções novas e desafios que eu mesmo me
imponha. Quero um pouco de desarmonia, que não é sinônimo de conflito, mas uma
forma de mostrar outros matizes e semitons onde pode estar contida a verdade
verdadeira.
Sigo
reiterando o apelo feito em anos anteriores: encarecidamente, livrai-me
dos chatos; vale repetir, livrai-me dos chatos. E reforço os outros pleitos:
mantenha longe de mim também os mordedores em geral, os picaretas de todos os
matizes e os pedintes de favores que não estão ao meu alcance. Se possível,
afaste os hipocondríacos, com suas doenças e seus remédios para todos os males.
Quero distância igualmente dos baixo astrais, dos angustiados, dos obsessivos
porque tenho medo de contrair uma deprê. E mais, se não for abuso, suplico:
mande para longe os duvidosos de caráter, os falcatruas, os descompromissados e
os sugadores de energia. Coloque em fuga, por especial gentileza, os arrogantes,
os prepotentes, os invejosos e todos da mesma laia.
Repito
igualmente outros pedidos, porque não dá para postergar. Apelo para o teu
anunciado espírito harmonioso para reaproximar-me dos que ofendi e se
apartaram, e dai-me o dom da tolerância para aceitar e receber os que se
desgarraram. Faça pousar em mim a deusa da paciência e que venham juntas as
amazonas altivas da fé e da esperança. Com isso, serei fortaleza que não se
dobra, terei coragem para enfrentar as adversidades e energia para novos
desafios, mas que sejam bem menores e menos intensos do que os do já decrépito
2014.
No
repeteco, salve-me das filas, as dos bancos e dos supermercados, e todas as
outras onde corra o risco de ser interpelado por desconhecidos que me tiram
para confessionário e interrompem minhas ruminações. Não admita, por compaixão,
que a guria bonita me pergunte a idade antes de distribuir a senha, se a
maldita fila for inevitável. Guarde uma boa vaga de Idoso pra mim nos
supermercados. Abusando da compaixão, não permita que as bonitinhas me
chamem de tio e muito menos de vô, chamado que reservo apenas para a Maria
Clara e a Rafaela. Mas não abro mão do carinho das caldáveis, ainda que seja virtual.
E tem
mais uma listinha facilzinha e repetida, meu ainda futuroso 2015. Não deixe
faltar uma boa carne na minha mesa, saladas variadas, cerveja gelada, um vinho
encorpado para as noites de inverno e um espumante para acompanhar o gosto
feminino. E se não for pedir muito, que eu reencontre aquele doce de abóbora de
comer ajoelhado e o pudim que justifica nossa ida frequente aquele restaurante. Ah,
e aquela berinjela, a carne de panela com batatas e uma caixa de Bis só pra
mim. Pode ser de Ferrero Rocher também. Se não for contraditório,
aproxime de mim essas tentações. E que sempre possa dividir a boa mesa com
companhias agradáveis, brindando os bons momentos da vida que não são muito e
até por isso precisam ser valorizados. Conceda-me, de vez em quando, jogar um
pouco de conversa fora, curtir mais a minha gente, vagabundear sem culpa,
experimentar o novo e, por que não?, me entregar a alguma extravagância. E dá
uma forcinha e inspire os médicos para que receitem menos remédios e exijam
menos exames.
Em
contrapartida, Novíssimo Ano, prometo continuar sem fumar , me exercitar com
regularidade, voltar a academia, comer menos fritura e beber moderadamente, cometer
menos infrações no trânsito, voltar a ler e fuçar menos na internet, ouvir mais
e falar menos, terminar meu TCC, lançar um livro, respeitar mais e debochar menos, lembrar
o aniversário de casamento e outras datas importantes e não desejar a mulher do
próximo, nem a do distante, porque os outros pecados não os cometo. A não ser
que um pouco de rabugice seja pecado, dos veniais, mas até isso pretendo
corrigir. Nesses termos peço sua compreensão e deferimento, jovem e
bem-aventurado Novo Ano.