quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Virada de ano

Segurem os fogos, guardem as lentilhas, não estourem os espumantes. 2011, de verdade, só começa em 9 de março, quarta-feira de cinzas, depois do meio dia...

Que crise!

Nenhuma agenda, nenhum panetone. Espumantes e vinhos nem pensar. Quem disse que este foi o melhor Natal da década?

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

O primeiro feliz Natal

Vejo a árvore cintilante atapetada de presentes. Daqui a pouco a casa estará cheia de gente, a mesa posta com os pratos da ocasião e bebida circulando. Alguém vai propor uma oração, como o meu pai fazia em todos os natais e eu serei obrigado a dublar a Ave Maria porque desaprendi até a mais simples das rezas.

A criança que um dia fui, e faz tanto tempo, sabia rezar, era temente a Deus e acreditava em Papai Noel. A véspera de Natal era mágica e o menino ansiava por ela. Havia o reencontro com os primos e os adultos colocavam as conversas em dia. Pontualmente a meia noite ocorria o ritual da entrega dos presentes. Começava então a comilança, mas às crianças, de tanto pedincharem, era permitido beliscar os petiscos antes da hora.

Os presentes eram mais simples: um carrinho de madeira, uma bola de plástico, um jogo de botão panelinha e, das velhas tias, um par de meias. Bicicleta nem pensar porque eram muitos irmãos e podia dar briga. Mas comia-se bem, havia até refrigerante e vestíamos vistosas camisas novas, que a mãe costurava na velha máquina, o mesmo tecido estampado para todos, transformando meus irmãos menores e eu em trigêmeos.

A surpresa da véspera de Natal, às vezes, era frustrada pelos irmãos mais velhos que vasculhavam a casa toda até descobrirem onde estavam escondidos os presentes e saiam a espalhar o que cada um ganharia, os estraga-prazeres. Mas não havia clima para decepções porque era Natal e Natal da infância é o verdadeiro Natal.

Hoje, pelo menos para mim, o Natal ganhou outra dimensão e o Papai Noel se sofisticou. Os carrinhos de madeira, as bolas de plástico e os outros tarecos que faziam a nossa alegria deram lugar aos presentes da era da eletrônica, a bola tem grife e o carrinho é acionado por controle remoto. A maior de todas as festas acompanha a modernidade.

Não pensem que estou fazendo uma condenação ao consumismo, até porque gosto de ganhar mimos natalinos, mesmo que seja um pijama tamanho GG, e deixemos o saudosismo pra lá. Daqui a pouco, a casa estará cheia de novo, como nos velhos tempos, só que os papéis se inverteram. A alegria que traz de volta os natais da nossa infância estará no chão, gatinhando entre embalagens coloridas, que atraem mais do que os presentes, os olhinhos inquietos e radiantes porque é muita oferta para pouca mãozinha. É noite feliz! O feliz primeiro Natal de Maria Clara.

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Prezado Novíssimo Ano,

Durante sua vigência peço encarecidamente: livrai-me dos chatos. Repito o pedido: livrai-me dos chatos. Faça uma forcinha e mantenha longe de mim também os mordedores em geral e os pedintes de favores. Se possível, afaste os hipocondríacos, com  suas doenças e seus remédios para todos os males. Quero distância igualmente dos baixo astrais, dos angustiados, dos obsessivos porque tenho medo de contrair uma deprê. Dá um jeito para que fiquem bem longe aqueles que gostam de tudo bem explicadinho e dos que não sabem explicar nada.

Não permita que encontre velhos conhecidos sem lembrar o nome e seja brindado com um “lembra aquela vez? “ ou, o que é pior, “Lembra de mim?”. Me ajuda, meu boníssimo Ano Novíssimo, para que aqueles outros que querem” apenas dois minutos” do meu tempo não cruzem comigo, porque são malas disfarçadas e já apelei por isso lá em cima. E também os que conversam pegando meu braço com tanta força que deixam marcas e, ainda, os que me tomam por idiota, perguntando se eu estou entendendo o que eles estão falando. Mais um pedidinho: não compactue com os que me cobram posições que não tomei, injustiças que não cometi e prejuízos que não causei. E mais unzinho: mande para longe os duvidosos de caráter, os falcatruas, os descompromissados e os sugadores de energia. Coloque em fuga, por especial gentileza, os arrogantes, os prepotentes, os invejosos e todos da mesma índole.

Apelo ainda para que o celular toque menos e que, de preferência, o interlocutor tenha algo interessante para dizer. Novissimo Ano, dá uma geral nos facebooks da vida e lime todos dos “hehehee”, os “rsrsrsrsr”, os “adooorei” e os “lindaaaa”. Aproveita e faz o seguinte: devolve pros autores todas as mensagens de auto-ajuda, as correntes que não dão certo, as piadas de mau gosto e as ofertas imperdíveis que infestam meu computador. Com um pouquinho de boa vontade, veja se é possível devolver também todos os convites para fazer parte de novas redes sociais porque não agüento mais tanta interação.

Com sua ajuda, Novíssimo Ano, espero ouvir menos “veja bem”, “olha só”, “pois, então” e todas as expressões do gênero. Acrescenta ai “estartar” , “por conseguinte”, “interregno”, nada a ver uma com a outra, mas é questão de ojeriza, que também pode entrar na lista.. Enrolão, basta eu.

Por generosidade, salve-me das filas, as dos bancos e dos supermercados, e todas as outras onde corra o risco de ser interpelado por desconhecidos que me tiram para confessionário e interrompem minhas ruminações. Não admita, por compaixão, que a guria bonita me pergunte a idade antes de distribuir a senha, se a maldita fila for inevitável.

Não deixe faltar uma boa carne na minha mesa, saladas variadas, cerveja gelada e um vinho encorpado para as noites de inverno. E se não for pedir muito, que eu reencontre aquele doce de abóbora, de comer ajoelhado, que saboreei dias atrás. Ah, e aquela berinjela, a carne de panela com batatas e uma caixa de Bis só pra mim. Se não for contraditório, aproxime de mim essas tentações. E que sempre possa dividir a boa mesa com companhias agradáveis, brindando os bons momentos da vida que não são muito e até por isso precisam ser valorizados.

Conceda-me, de vez em quando, jogar um pouco de conversa fora, curtir mais a minha gente, vagabundear sem culpa, experimentar o novo e, por que não?, me entregar a alguma extravagância. Vamos combinar que não é pedir demais.

Em contrapartida, caríssimo Ano Novíssimo, prometo tentar parar de fumar – de vez - , voltar a me exercitar, comer menos fritura, ouvir mais e falar menos, ser menos irônico e debochado, lembrar o aniversário de casamento e não desejar a mulher do próximo, nem a do distante, porque os outros pecados não os cometo. A não ser que um pouco de rabujice seja pecado, dos veniais, mas até isso pretendo corrigir. Nesses termos peço sua compreensão e deferimento, carissimo, boníssimo e novíssimo Ano.

domingo, 19 de dezembro de 2010

Fé e esperança

Sinto uma imensa inveja dos que tem fé e buscam na religião uma âncora segura para os momentos de infortúnio. Bem que gostaria de acreditar que um anjo da guarda nos protege contra todos os males, mas ele ainda não apareceu na minha vida ou, se apareceu, não percebi. Gostaria também de ter saído à imagem e semelhança da divindade, como reza o livro sagrado, mas minhas imperfeições depõem contra essa idéia. Não consigo imaginar um deus baixinho, fumante compulsivo, apreciador de uma boa cerveja - e esses até seriam os menores defeitos do clone divino.

Nascido e criado numa família de católicos, cedo me desgarrei e nem por isso me tornei uma pessoa melhor ou pior, mesmo porque os preceitos cristãos, a começar pelo respeito ao próximo, podem ser praticados independente de fé ou religião – e sem a culpa presente na maioria das crenças institucionalizadas. Ainda tento, mas não consigo explicar os mistérios da vida pela religião.

Talvez a mim esteja reservado o destino de Saulo, que não dava trégua aos seguidores de Jesus e, ao receber a luz divina, tornou-se Paulo e saiu a pregar a fé cristã pelos quatro cantos do mundo antigo. Seria muita pretensão virar santo, como Paulo? Para isso, precisaria ser ungido pela luz celestial, resgatar  a crença de que existe um ser supremo a nos guiar e que um dia vamos ao encontro dele para uma vida de eterna felicidade – ou não.

Também já acreditei em Papai Noel, o deus vermelho da criançada, mas o velho andou me frustrando lá na antiguidade e decidi largar ele de mão. Com isso, me restam poucas coisas em que acreditar e esse vazio me incomoda. Quero voltar a ter fé, encontrar na religião a resposta para todas as dúvidas, idealizar que existe vida além desse vale de lágrimas e que alguém muito poderoso cuida de cada um de nós.

Se falta fé, não falta esperança. A esperança que se renova, como a vida se renova, queiramos ou não, a cada novo ano que chega. Proponho, então, a todos os que perderam a fé, mas são homens de boa vontade, um brinde à esperança, que é só o que nos resta, é muito e é tudo.

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Pequenópolis II

Pequenópolis reage. A maioria silenciosa começa a mostrar sua cara e levantar a voz para que o projeto Cais do Porto saia do papel e se torne realidade. Um movimento chamado Quero Cais ganha corpo e até os chatos que gravitam numa associação do Centro Histórico estão a favor do projeto, que tem a grife do renomado Jaime Lerner.

A proposta é ótima, respeita e se integra às referências da cidade, como a Usina do Gasômetro e propõe avanços e inovações para revitalizar a área do cais Mauá. Não é preciso ser um urbanista consagrado, como Lerner, para saber que a vitalidade – sustentabilidade, para usar um termo da moda - dos espaços públicos e mesmo privados está diretamente ligada a sua ocupação por gente, trabalhando, residindo ou simplesmente desfrutando o lazer e se forem essas atividades em conjunto, melhor ainda.

Revitalização significa vida nova e é isso que os pequenopolitanos que aspiram chegar a futuropolitanos querem para a cidade.

Importante nesta hora é estar atento porque os que detestam progresso e inovação ainda conspiram para que Pequenópolis se apequene ainda mais até virar Nanópolis. São os mesmos que lideraram o movimento contra o projeto de moradias no Pontal do Estaleiro, decretando que aquela área está destinada a se tornar um deserto após o horário comercial. São os mesmos que torcem o nariz para a construção do Teatro da Ospa, junto ao Parque da Harmonia. São os mesmos também que se preparam para boicotar as propostas para revitalizar a Orla e resgatar o Guaíba.

O Previdi (www.previdi.com.br) tem razão. Essa gente odeia nossa cidade.

domingo, 12 de dezembro de 2010

Pequenópolis

Pequenópolis é uma cidade grande com gente que pensa pequeno. Seu povo é alegre e hospitaleiro, mas parte dele, uma minoria enfezada, detesta progresso. Essa minoria prefere que a cidade fique numa redoma, de forma a se tornar imutável, mesmo com prejuízo para todos. E a maioria cala e assiste impassível o presente ser congelado e o futuro exterminado. Por isso, a cidade que já foi Futurópolis trocou de nome na medida em que se apequenou. Era a cidade sorriso, hoje é a cidade rançosa.


Em Pequenópolis pululam os ecochatos, destacam-se os oportunistas de plantão, ganham espaço os porta-vozes da mediocridade, inflamam-se as falsas lideranças dos movimentos do “não”, todos contra qualquer proposta que impulsione a cidade. Não os reconheço como guardiões do que é certo ou errado para minha cidade. Estou começando a cansar dessa gente e daqui a pouco vou-me embora pra Pasárgada.

domingo, 5 de dezembro de 2010

Bobagens da Internet: porque alguns homens têm cães ao invés de esposas

1. Quanto mais atrasado você está, mais felizes seus cachorros ficam ao lhe ver.

2. Cachorros não notam se você os chama pelo nome de outro cachorro.

3. Cachorros gostam que você deixe coisas no chão.

4. Os pais do cachorro nunca visitam.

5.Cachorros concordam que você tem que aumentar sua voz para argumentar.

6. Você nunca precisa esperar por um cachorro; eles estão prontos para sair 24 horas por dia.

7. Cachorros acham engraçado quando você está bêbado..

8. Cachorros gostam de sair para caçar e pescar.

9. Um cachorro nunca irá lhe acordar à noite para perguntar, "Se eu morresse, você iria ter outro cachorro?"

10. Se um cachorro tem filhos, você pode pôr um anúncio no jornal e dá-los para outras pessoas.

11. Um cachorro irá deixar você colocar uma coleira nele sem lhe chamar de pervertido.

12. Se um cachorro sente o cheiro de outro cachorro em você, eles não ficam bravos. Eles apenas acham interessante.

13. Cachorros gostam de passear no banco de trás do carro.

E por último, mas certamente não menos importante:

14. Se um cachorro vai embora, ele não leva a metade das suas coisas.